*Por Herlen Koch
Amores são feitos de sinais, calores, e ao mesmo tempo a calmaria, mas quando próximos uma chama tão ardente que o ar fica quente, a respiração ofegante, às vezes um arrepio ou até um desmaio. Há pessoas que relatam até sensações de pequenas mortes.
Neste contexto, vislumbre o amor à profissão.
O amor neste caso é o que chamamos de propósito, o que motiva, o que acalenta, o que faz aguardar com fé e esperança, o resultado que as vezes se inicia envolto em pura névoa desafiadora.
No meu caso, a Justiça ao mundo, a defesa do cliente, a alegria do alvará expedido, a inocência declarada do cliente acusado, o acordo bem amarrado e o cliente feliz.
Quando chega um dia à tarde o celular vibra e uma mensagem se destaca: “doutora a senhora foi indicada”. Que satisfação plena, o olhar fica radiante no mesmo minuto, a garganta seca por ter que demonstrar ao próximo cliente que não se é bom, mas, sim excepcional. Pois, um cliente novo – é um desafio, o novo mundo a se trilhar. E, evidente que não se tem somente o processo, pois, também a pessoa do Cliente.
O advogado como ser humano que às vezes é, possui sim: tempos de felicidades, mas às vezes já sentiu um frio na barriga, quando nota que não tem todas as respostas, contudo, está em busca delas.
Estudar, atender, trabalhar, se aprimorar… E quando o advogado precisa de mais? Todos desejamos mais: como reconhecimento, motivação, mais interesse em uma nova área por exemplo.
Se eu lhe descrever a história de uma criança, uma menina que sonhava em defender a justiça: quando pequenina, por volta dos quatro a cinco anos de idade, já brincava de escritório, virando a cadeira no chão, a fazendo de mesa, onde atendia seus clientes imaginários, achava a solução devida para que este cliente saísse satisfeito, empunha um lápis e detinha para si um enumerado de riscos inconsistentes em uma folha de papel, que se branca aos poucos se tornava cinza. E de linha em linha, se formava o plano de um futuro.
Assim, te digo, caro leitor, há advogados que nascem, sim, com a sede de justiça estampada na fase, que a mãe sequer lhe pergunta o que será quando crescer, pois, seus atos falam por si. Mas, ainda há os que são forjados no fogo da Justiça, moldados a ser, a aprender, a poder, e com uma pitada de paixão e perseverança.
Pois, não se há advogado sem esperança, assim, como não há rio sem as correntezas.
Sendo nascido, ou, traçado na forja do calor, a Deusa da Justiça está ali: impregnada, fundida, amarrada ao Advogado. Ela lhe empresta a espada e segue com ele.
A cede por vencer não somente por si, mas pelo Cliente, é a doação sublime de inteligência, experiência, aventura e desejo.
E este fogo, não se cala e nem se esfria, ele me mantém aquecida, a 21 anos na profissão. E isto é ser Advogada.
*Herlen Koch – Advogada e Escritora. Instagram: @herlen_koch






