Especialista do Hospital São Mateus chama atenção para subnotificação e destaca a necessidade de quebrar tabus existentes
Sentir-se triste, angustiado, desmotivado ou sem vontade de realizar as tarefas do dia a dia pode ser mais do que um momento passageiro. Esses sintomas podem indicar a presença de uma doença neuropsiquiátrica chamada depressão, condição que exige atenção e tratamento adequados.
No contexto do Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização e prevenção ao suicídio, a campanha reforça a importância de cuidar da saúde mental com o mesmo zelo destinado à saúde física.
O neurologista do Hospital São Mateus, José Alexandre Jr, destaca que a depressão deve ser tratada com seriedade, sem estigmas e a condução desse quadro precisa ser feita por profissionais capacitados, com acompanhamento próximo e sem nenhum tipo de preconceito.
“A depressão é uma doença comum, mas muitas vezes desvalorizada, subdiagnosticada e cercada de tabus. Sem saúde mental, não há saúde. Precisamos olhar para esse aspecto como parte fundamental do bem-estar”, alerta o médico.
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), cerca de 14 mil suicídios são registrados por ano no Brasil — uma média de 38 mortes por dia. Estima-se que até 96,8% dos casos estejam relacionados a transtornos mentais, como depressão, ansiedade e transtorno bipolar, que muitas vezes não são diagnosticados ou tratados corretamente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que 9 em cada 10 casos poderiam ser evitados com apoio adequado. Além da depressão, outras doenças neuropsiquiátricas, como transtorno de ansiedade e transtorno bipolar, podem provocar repercussões graves, inclusive tentativas contra a própria vida.
“O suicídio pode ser uma consequência de uma depressão muito grave. Por isso, se a pessoa apresenta sintomas como tristeza persistente, falta de energia ou desmotivação, é fundamental buscar ajuda médica. O tratamento adequado pode devolver alegria, motivação, disposição e fortalecer os vínculos com a família e com a vida”, reforça José Alexandre Jr.
O neurologista explica que a depressão vai muito além de questões emocionais superficiais. Ela envolve alterações químicas no cérebro, relacionadas a neurotransmissores como serotonina e noradrenalina. Para ele, isso mostra que não se trata de fraqueza ou falta de vontade, mas de uma condição clínica que precisa ser reconhecida, diagnosticada e tratada de forma adequada.
O especialista alerta a população: “ao perceber sinais de sofrimento emocional, é fundamental buscar apoio médico e contar com a presença da família e dos amigos. Quanto mais cedo o tratamento começar, maiores são as chances de recuperação e de retomada da qualidade de vida”.