O parlamentar que levanta suspeitas contra o Ministério da Saúde tem negócios mal explicados dentro e fora do Brasil
Em 2018, depois de ficar famoso cobrando por cursos pela internet que prometiam ensinar como empreender na economia norte-americana, ele se elegeu deputado federal por Brasília. Na disputa eleitoral, outra mancha: o então candidato foi acusado de promover sorteios de smartphones para conseguir votos.
No Brasil, já como congressista, ele teve seus passaportes — comum e diplomático — apreendidos no ano de 2019. Uma antiga cliente ganhou judicialmente o direito a uma indenização de R$ 90 mil por sofrer queimaduras em um procedimento de depilação na antiga empresa de estética. A falta do pagamento causou a retenção dos documentos e a penhora de um imóvel.
O negócio de estética acabou deixando várias marcas na imagem de Miranda. Além das já citadas, o parlamentar foi acusado de estelionato pela Justiça do Distrito Federal em razão de ter passado cheques falsos para a quitação de aluguéis de um imóvel. O processo foi extinto depois que a dívida foi paga. Ainda quando dirigia esta mesma companhia, ele foi gravado enquanto ensinava os seus funcionários a despistar oficiais de Justiça que batiam na porta em razão de ações movidas por credores. O áudio é de 2013 e consta em um processo contra ele, que assume ser “imoral” a conduta instituída.
Transcrição do áudio em que Miranda ensina a despistar a Justiça
“Seria ludibriar, fraudar o sistema jurídico, pra gente ganhar fôlego pra poder criar metodologias pra ganhar dinheiro. Eu comecei a ver os resultados do processo. Quando o oficial de Justiça voltar, vamos dizer assim: ‘Não, a Fitcorpus Clínica de Estética não é lá’.
A decisão do juiz era assim: ‘Bom, se não é lá… pergunta pra outra parte onde é.
A outra parte: ‘Mas é lá’.
[O juiz:] ‘Não. Uma pessoa que tem fé pública, que é o oficial de Justiça, foi lá e disse que e não é lá. Lá tem outra empresa. Fitcorpus Assessoria e Serviços Ltda, que é uma franqueadora.
É imoral, mas é um jogo que depois, aí vai do meu bom-senso, vai da minha decência, de decidir o seguinte: essa pessoa merece receber, essa não, essa era sacanagem, essa aqui eu devo de verdade.
Na Justiça, a Justiça não pode fazer nada. Ela trava se ela não acha a empresa.”
Fonte: Revista Oeste (Por Artur Piva – revistaoeste.com)