JOÃO SEM DEUS: “Possuía uma ‘fazenda de bebês’ onde mulheres eram abusadas” diz jornal britânico

“A ativista Sabrina Bittencourt disse que João de Deus dirigia uma operação de tráfico de bebês: crianças eram “cultivadas” antes de serem vendidas a casais sem filhos ao redor do mundo”

O  curandeiro João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, foi preso no dia 17 de setembro de 2018 em Abadiânia, zona rural do Brasil, por violência sexual e estupro.

O médium tornou-se o homem mais procurado do Brasil depois que um programa da Globo reportou acusações de dez mulheres que foram abusadas na Casa de Dom Inácio de Loyola, local em que João de Deus praticava “tratamentos espirituais“.

A ativista Sabrina Bittencourt disse que João de Deus dirigia uma operação de tráfico de bebês: crianças eram “cultivadas” antes de serem vendidas a casais sem filhos ao redor do mundo, noticiou o jornal britânico Daily Mail.

Ela declarou que meninas foram mantidas em cativeiros, chamados de “fazendas remotas“, onde eram forçadas a ter bebês.

Depois de dez anos de “produção”, elas eram assassinadas: “Em troca de comida, centenas de meninas foram raptadas e escravizadas em dezenas de fazendas no estado de Goias“.

O valor de um bebê vendido por João de Deus poderia chegar até 50 mil dólares no mercado negro, relatou o Daily Mail.

Sabrina Bittencourt, que coletou denúncias contra o médium João de Deus e criou o movimento Combate ao Abuso no Meio Espiritual (Coame), morreu aos 38 anos no dia 01/02/2019 , em Barcelona, na Espanha. Ativistas dizem que causa da morte foi suicídio.

Nascida em uma família mórmon, a ativista foi abusada desde os quatro anos de idade por integrantes da igreja frequentada pela família. Aos 16, ficou grávida de um dos estupradores e abortou. Ela dedicou a vida a militar por vítimas de abuso e a desmascarar líderes religiosos, entre eles Prem Baba e João de Deus.

A própria filha do médium, Dalva Teixeira(49), está entre as 600 mulheres que o acusaram de alguma forma de abuso sexual.

Em entrevista à revista Veja, Dalva relata que seu pai a estuprou entre seus dez e quatorze anos de idade com a justificativa de “tratamento místico“.

O pai só parou com o “tratamento” depois que a filha disse ter engravidado de um funcionário dele. Enfurecido com a gravidez, conta Dalva, Faria a espancou com tanta violência que provocou um aborto espontâneo.

João de Deus alcançou a fama internacional em 2010 depois de aparecer no programa da apresentadora Oprah Winfrey, um dos talk shows de maior audiência na América.

Em uma coluna excluída do site da apresentadora, ela escreveu que saiu da Casa de Dom Inácio de Loyola com “uma sensação de paz avassaladora“. Segundo Daily Mail, o médium também atendeu o ex-presidente Bill Clinton.

Relação com o Supremo

Estadão aponta que João de Deus teria alguns pacientes e colegas no STF.

Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso já foram pedir seus conselhos. Luiz Fux tinha algum contato. Em agosto de 2018, a ministra Rosa Weber o convidou para a sua posse como presidente do TSE.

Depois de ser preso, a defesa do curandeiro recorreu ao STF para conseguir um habeas corpus. A tentativa dos advogados era a de que Faria respondesse em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica e pagamento de fiança.

Em março de 2019, o processo do médium foi parar nas mãos de dois ministros do STF, Gilmar Mendes e Luiz Fux, que alegaram “foro íntimo” para não julgarem o caso. Somente em agosto do mesmo ano, o juiz Ricardo Lewandowski julgou o processo e disse que seria necessário manter “a prisão preventiva para garantir a ordem pública”.

João de Deus foi solto em março deste ano pela juíza Rosângela Rodrigues dos Santos, da Comarca de Abadiânia. A juíza tomou a decisão alegando que o réu faz parte do grupo de risco que pode ser prejudicado por conta do coronavírus.

O médium atualmente está em casa com uma série de restrições legais: não pode ir à Casa Dom Inácio de Loyola, é impedido de ter contato com vítimas e testemunhas dos processos de crimes sexuais, não pode sair de Anápolis, a 55 km de Goiânia, e deve comparecer ao Judiciário todo mês.

Fonte: Diário do Brasil (Por Amanda Nunes Brückner – diariodobrasil.org)

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