Fumaça aumenta e pode agravar doenças respiratórias na pandemia

QUEIMADAS SEM CONTROLE – Mais de 1.550 chamadas referentes às queimadas urbanas foram feitas ao Ciosp, somente de julho para cá

Mato Grosso enfrenta intensa estiagem e o mato-grossense sofre com o ar seco há semanas.

Situação agravada pelos incêndios registrados, nos últimos dias, no Pantanal e no perímetro urbano de Cuiabá e Várzea Grande.

A fumaça dessas queimadas potencializa e pode agravar os problemas respiratórios, levando a um aumento da hospitalização dos pacientes.

A somatória desses fatores preocupa especialistas, especialmente, nesse momento da pandemia de Covid-19, doença que tem entre os principais sintomas o comprometimento de vias aéreas e os pulmões.

Na Capital, dados da Defesa Civil mostram que mais de 1.550 chamadas referentes às queimadas urbanas foram feitas ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) de julho para cá.

Somente a Defesa Civil, atendeu cerca de 50 ocorrências desde a segunda semana de julho.

Nesta última quarta-feira (12), equipes do órgão municipal e do Corpo de Bombeiros (CB) intensificaram os trabalhos por cerca de 10 horas para conter ao menos dois focos de incêndio de grande proporção às margens da Rodovia Helder Cândia, na saída para o Distrito da Guia.

O resultado foi que, na quinta-feira (13) pela manhã, a Capital e a cidade vizinha de Várzea Grande amanheceram cobertas pela fumaça provocada pelo fogo à beira da estrada, onde a equipe da Defesa Civil retornou para identificar os proprietários e lavrar auto de infração.

No perímetro urbano das cidades, as queimadas são proibidas o ano inteiro. O valor mínimo da multa é de R$ 950,00, que sobe conforme o tamanho da área.

Além dos danos ambientais, os incêndios causam danos à população. De acordo com clínico geral e infectologista, Marcelo Sandrin, a fumaça tem forte efeito na saúde, principalmente, em crianças e idosos.]

“Há uma piora muito grande da qualidade do ar levando a dificuldade respiratória, especialmente, às pessoas que já têm sensibilidade por alergia ou por asma”, disse.

Além da poeira, estamos com diferentes matérias no ar. Além da matéria orgânica queimada, em alguns lugares por exemplo, pode ter queimado pesticidas, adubos e pode ter queimado plásticos, o que agrava ainda mais a parte respiratória sendo que já estamos sufocados pela baixa umidade relativa do ar e, inclusive, por que já estamos usando máscaras para prevenção da Covid-19”, acrescentou.

Por si só, a baixa URA ocasiona o ressecamento da mucosa das vias aéreas predispondo ao risco de contrair infecções.

No caso da fumaça produzia pelas queimadas, as pessoas que já possuem problemas respiratórios como asma e doença pulmonar, estão mais sujeitas a ter agravamento dos sintomas. Então, se observa um aumento de casos respiratórios nas emergências dos hospitais.

Nos ambulatórios dos hospitais, a demanda de pacientes com tosse seca ou crônica e irritabilidade das vias aéreas há um aumento de cerca de 50%. Já as internações de 25%.

“Em qualquer sinal e sintoma de problemas respiratórios a pessoa deve procurar o serviço médico. Principalmente, se tiver asmas, renite ou sequela pulmonar não deixe de procurar o serviço médico”, orientou.

Para amenizar os efeitos negativos, algumas das recomendações são beber bastante líquido, evitar esforços físicos, especialmente, nos horários mais críticos e umidificar os ambientes colocando toalhas molhadas ou bacias com água.

No último dia 5, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) divulgou o estudo “A atmosfera é de todos”, que mostra que as queimadas provocadas durante o período de seca influenciam para que a concentração de material particulado inalável seja acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em Cuiabá.

Segundo a pesquisa, durante à noite, por conta da inversão térmica, foram encontradas concentrações de poluição chegando a 86,3 µg/m³ (microgramas por metro cúbico) com uma média diária de 70,1 µg/m³.

Porém, o recomendado pela OMS é que não supere 50 µg/m³. O autor do estudo e professor do Departamento de Geografia, Rodrigo Marques.

Segundo ele, na Capital, as queimadas são as maiores responsáveis pela emissão de partículas que causam danos à saúde da população e, na região, elas ocorrem em um período em que as condições meteorológicas são as mais favoráveis para o acúmulo de poluentes, quando há escassez de chuvas.

“Desta forma, aumentam as concentrações de material particulado inalável, podendo provocar problemas respiratórios, cardíacos, renais e neurológicos, além de baixa defesa imunológica”.

PREVISÃO – A Divisão de Meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia informa que a sexta-feira segue com tempo aberto, quente e seco em todo Mato Grosso.

“A previsão é de um dia de céu claro a parcialmente nublado em todo o Estado. Poucas nuvens se formam e não há previsão de chuva. Faz bastante calor durante a tarde e a umidade do ar continua baixa”, informou.

À tarde, a URA tem ficado em torno 12%, quando o considerado ideal é de 60%.

Fonte: DC (Por Joanice de Deus – diariodecuiaba.com.br)

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