Coronavírus: Fiocruz acompanha repatriados em quarentena e capacita outros países na identificação do vírus

Ministério da Saúde afirma que número de casos suspeitos do coronavírus caiu para quatro, nesta sexta-feira (14)

Desde que os primeiros casos suspeitos do novo coronavírus passaram a ser monitorados pelo Ministério da Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vem sendo referência na atuação para medidas de contingência e diagnóstico. Em entrevista à Jovem Pan, a chefe do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo da Fiocruz, Dra. Marilda Siqueira, ressaltou a importância de um diagnóstico preciso – tanto no descarte, como em uma futura confirmação.

“Quando falamos em resultado de exames consideramos todos os processos. O resultado é rápido, mas consideramos desde a coleta da amostra, o transporte desse material até o laboratório central, para um posterior transporte até a Fiocruz. Por isso que o Ministério da Saúde dá um prazo maior e não esse que alguns grupos dizem que demora três horas. Na Fiocruz, o resultado também demora três horas a partir do momento que se coloca o material na máquina para o processamento”, ressaltou.

De acordo com o último boletim epidemiológico, divulgado nesta sexta-feira (14), o Brasil tem quatro casos suspeitos do vírus sendo acompanhados. Outros 43 já foram descartados após a realização de exames.

Lidando com um teste positivo para o novo coronavírus, o cuidado será ainda maior de acordo com Marilda. “Se um resultado der positivo, nós vamos repetir e aplicar outras metodologias para que possamos dar um resultado absolutamente confiável porque é muita responsabilidade declarar o primeiro caso do Brasil. É necessário todo um cuidado para que possamos passar para população um resultado confiável”, disse.

Além da Fiocruz, outros dois laboratórios também estão habilitados para identificar o novo coronavírus: Instituto Evandro Chagas e Instituto Adolfo Lutz, que passaram por treinamento oferecido pela Fundação na última semana.

Exames de brasileiros repatriados

A Fiocruz também acompanha a situação do grupo de brasileiros repatriados de Wuhan, na província de Hubei, epicentro do surto do Covid-19. Os 34 brasileiros, a tripulação do voo e os médicos que acompanharam a viagem fizeram os exames – todos deram negativo para a presença do coronavírus.

“Houve uma decisão do Ministério da Saúde para que o diagnóstico desses brasileiros fossem realizados no Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás e solicitaram também que nosso laboratório estivesse presente e implementasse a metodologia que temos. Discutimos os resultados, que deram negativo, e acompanhamos com eles a testagem de todos os materiais colhidos de todo o grupo”, explicou.

Treinamento para países da América Latina

O Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo da Fiocruz integra há mais de 60 anos a rede da Organização Mundial da Saúde (OMS) de centros nacionais de Influenza, além de desempenhado um papel estratégico na busca de respostas em outras epidemias, como os surtos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), em 2002 e 2003, a epidemia de Influenza A (H1N1), em 2009, e de Ebola, em 2015.

A Fiocruz também promoveu o treinamento e capacitação de outros países da América Latina para que os procedimentos possam ser padronizados na identificação do novo vírus.

“A OMS pediu para que nós fizéssemos um treinamento em metodologias de laboratório como sendo uma das etapas da linha de frente na identificação do coronavírus. Recebemos aqui, na semana passada, 10 profissionais de 9 países para a capacitação”, disse. Profissionais da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai participaram da capacitação oferecida pelo Fiocruz.

O que é o ‘PCR em tempo real’, exame recomendado pela OMS

O exame recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é chamado de “PCR em tempo real” e, de acordo com a chefe do Laboratório de Vírus Respiratório da Fiocruz, é o mesmo utilizado para identificação do vírus Influenza.

Para que possa ser confirmada ou descartada a presença do novo coronavírus no organismo, é necessário coletar secreções das narinas e gargantas dos pacientes tratados como casos suspeitos.

“É uma metodologia recomendada pela OMS e por isso também fizemos esse treinamento dos outros países. É a maneira mais confiável que temos de comparar dados e resultados da doença em todos os países. Os países naturalmente tem liberdade para escolher outras metodologias, mas essa já é usada comumente para epidemias de Influenza – já é de conhecimento das equipes da rede de laboratórios de saúde”, afirmou. Até o momento, não há nenhum caso confirmado no Brasil.

O novo coronavírus já provocou a morte de 1.380 infectados, há ainda outros 63.531 casos confirmados do vírus na China, de acordo com os últimos dados divulgados pelo país.

Fonte: Jovem Pan

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