Procurador diz que ‘maior ativo’ que Oi/Telemar buscava na Gamecorp era Lulinha

Provas indicam que a maior parte do dinheiro empregado para compra de áreas rurais em Atibaia pode ter tido origem em recursos repassados pela Oi para empresas criadas por LulinhaA 69ª fase da Operação Lava Jato investiga repasses do grupo Oi/Telemar para a Gamecorp/Gol, empresa na qual Lulinha é sócio

O procurador Roberson Pozzobon, que integra a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava Jato, disse nesta terça-feira (10) que “as evidências indicam que o maior ativo que o grupo Oi/Telemar buscava na contratação da Gamecorp era o fato de que entre seus sócios estava o filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva“.

As relações da operadora de telefonia com a empresa de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho de Lula, são o alvo maior da Operação Mapa da Mina, fase 69 da Lava Jato, deflagrada hoje. Por ordem da juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, a Polícia Federal fez buscas em 47 endereços de investigados.

Segundo a Lava Jato, as provas indicam que a maior parte do dinheiro empregado para compra de áreas rurais em Atibaia que formaram o sítio Santa Bárbara, adquiridas respectivamente por Fernando Bittar e Jonas Suassuna, pode ter tido origem em recursos repassados pelo grupo Oi para um complexo de empresas criadas por Lulinha.

“A origem poderia ser lícita, mas o que se verificou foi uma série de robustos indícios e provas que denotam que, muito provavelmente, os serviços não foram prestados”, disse Pozzobon.

Aletheia

Uma pista seguida pelos investigadores foi localizada durante buscas realizadas em uma etapa remota da Lava Jato, a fase 24, denominada Aletheia, deflagrada em março de 2016, quando o ex-presidente Lula foi conduzido coercitivamente pela PF para depor em uma sala no Aeroporto de Congonhas. A pista é um e-mail recebido por um diretor de publicidade da Gamecorp.

“Eles mesmos reconheciam que lá não havia um negócio jurídico qualquer”, relatou o procurador. “Isso é bastante sintomático quando se analisa o quadro geral da investigação. Quando o e-mail foi enviado a empresa recebia cerca de 98% dos recursos da Oi.”

Na avaliação de Pozzobon, “aqui fica muito claro, e isso já vimos em outras fases da Lava Jato, que no mundo dos negócios, e estamos falando de negócios com o poder público, não há lanche grátis”.

“Se milhões foram pagos por uma empresa a outra empresa para prestação de serviços e se constata que esses serviços não foram prestados, o que se tem é indícios de serviços de outra ordem, muitas vezes de ordem ilícita.”

Materiais apreendidos que serviram como base para a ‘Mapa da Mina’

A Procuradoria indicou que foi apreendido um e-mail no curso das investigações, recebido por Fábio Luis Lula da Silva, Fernando Bittar e Jonas Suassuna do diretor de Publicidade da Gamecorp, no qual é apresentado o resultado da empresa “nos últimos 12 meses” com a ressalva de que teriam sido “expurgados os números da Brasil Telecom [grupo Oi] que por ser uma verba política poderia distorcer os resultados”.

Segundo o Ministério Público Federal, entre 2005 e 2016 o grupo Oi/Telemar foi responsável por 74% dos recebimentos da Gamecorp. Os investigadores afirmam que uma outra mensagem eletrônica também recuperada havia sido encaminhada para o diretor e conselheiro do grupo Oi/Telemar.

Segundo a Lava Jato, no e-mail consta uma planilha com a informação de que um repasse, realizado em abril de 2009, para a Gamecorp, no valor de R$ 900 mil, fora deduzido da conta corporativa da presidência do grupo Oi/Telemar e classificado como custo de “assessoria jurídica”.

A Procuradoria argumentou que “trata-se de justificativa aparentemente incompatível com o objeto social da Gamecorp” – desenvolvimento e gestão de canais para distribuição em TV por assinatura, produção de programas de televisão, cinematográficos e audiovisuais e outras atividades relacionadas.

Defesas

Em nota, a Oi informa que “atua de forma transparente e tem prestado todas as informações e esclarecimentos que vêm sendo solicitados pelas autoridades, assegurando total e plena colaboração com as autoridades competentes.”

Já a Telefônica informou que “a Polícia Federal está hoje em sua sede, em São Paulo, buscando informações a respeito de contratos específicos de prestação de serviços realizados. A empresa está fornecendo todas as informações solicitadas e continuará contribuindo com as autoridades. A Telefônica reitera seu compromisso com elevados padrões éticos de conduta em toda sua gestão e procedimentos”

O Grupo Movile afirmou, em nota, que “preza pela transparência em sua atuação e está cooperando com as investigações do Ministério Público Federal do Paraná, fornecendo todas as informações solicitadas. A empresa não é o alvo principal da investigação e trabalha em total colaboração com as autoridades. A Movile esclarece ainda que, diferentemente do citado no primeiro comunicado oficial emitido pelo MPF-PR, não pertence ao grupo Telefônica/Vivo. Somos um ecossistema brasileiro de empresas de tecnologia, com atuação global.”

Fonte: Jovem Pan – *Com informações do Estadão Conteúdo

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